terça-feira, 12 de maio de 2009

A Bahia, ah Bahia!


Aproveitando que o semestre na faculdade está mais cansativo do que o normal e por motivos desconhecidos, na verdade ainda não identifiquei se é por ser um dos últimos semestres do curso ou se é por as matérias serem um tanto difíceis mesmo ou a combinação de ambos, bom voltando ao que eu ia dizendo escrevendo, aproveitando para unir o útil ao agradável resolvi que pra não ter longos intervalos de tempo durante as postagens vou aproveitar as matérias do semestre para relatar algo de curioso que aconteceu no seu desenvolvimento histórico. A começar pela parasitologia, sim!!! O post da vez vai para um baiano retado genial que fez um trabalho desconhecido por muitos brasileiros. Certamente a maioria das pessoas já ouviu falar em esquistossomose e em seu causador no Brasil, o Schistosoma mansoni. Mas de onde raios veio este nome de mansoni? O que o Manuel Augusto Pirajá da Silva tem a ver com isso? Vamos aos fatos então:

O médico baiano Augusto Pirajá da Silva (1873-1961) descreveu o S. mansoni a partir da análise de fezes de pacientes do Hospital Santa Isabel (BA). A descoberta deu-se em meados de 1908 e diferenciava o S .mansoni de outra espécie ocorrente no Egito, o S. haematobium, uma das grandes diferenças entre os dois era que os ovos do parasito egípcio eram liberados na urina enquanto os do parasito brasileiro eram liberados nas fezes.

E de onde surgiu o epíteto específico (que dá o nome à espécie)? Pois bem, o nome veio de uma homenagem e da confirmação da teoria do médico escocês Sir Patrick Manson (1844-1922), o então considerado “pai da medicina tropical”.

Apesar desta descoberta Pirajá da Silva recebeu críticas severas da comunidade científica internacional da época, sobretudo de parasitologistas renomados do exterior, mas isso não o abalou, na luta pela aceitação de seu trabalho ele viajou até a Europa para provar sua tese diante da comunidade científica. Com isso ele teve a publicação de seu artigo em revistas européias especializadas na área.

Mais do que suas descobertas foi a sua luta para que as pesquisas realizadas no Brasil tivessem - quando merecido – seu reconhecimento no primeiro mundo. Prova disso foi a indicação de Carlos Chagas para o prêmio Nobel de medicina em 1913, mas infelizmente ele não levou.

Além da descoberta do parasito, Pirajá da Silva teve contribuição significativa ao descobrir a larva do mesmo (a cercárica) e o hospedeiro intermediário da doença, um caramujo. Uma pena que seu trabalho seja pouco reconhecido quando se fala da doença e até mesmo na própria história da ciência.

Fonte: Livro Memória Hoje vol. 1 do Instituto Ciência Hoje e da FAPERJ.

5 comentários:

Enio Hayasaka disse...

Ae num!!!

Correria correria!!! Tô nessa também né!!!
Texto muito bom!!

Alan Dantas - Num disse...

Opa! Muito Obrigado!
Unindo o útil ao agradável acho que vai render mais.

Alessandro Moisés disse...

Tantos que se esforçam para melhorar a vida dos outros, que buscam o conhecimento como forma de combater as mazelas da sociedade e o reconhecimento tarda pra vim, muitas vezes nem vem.

Enquanto isso, pessoas imbecis procuram um reconhecimento pulando etapas via Big Brothers da vida, ou shows de celebridades. Todo mundo quer virar cantor, ator ou simplesmente aparecer em uma revista de quinta...

Reconhecimento é (ou deveria ser) consequência e não meta!!

Meus (humildes) reconhecimentos ao médico baiano Augusto Pirajá da Silva.

Elaine - Polly disse...

Cercárica ou cercária?
Oo

Alan Dantas - Num disse...

Sim sim! CERCÁRIA.

Perdão pelo erro de digitação e muitíssimo obrigado pela observação.